quarta-feira, novembro 16, 2005



CAIXINHA DE MÚSICA PRA MENINA QUE AMANHECE GIRASSÓIS – eu não soube te alcançar. não me permiti te amar até o impossível. acendi as luzes e destranquei a porta depois que te vi sumir no horizonte. amotinei os barcos de papel que fiz das tuas cartas. mas eu nem sempre fui esse homem mal dito, esse espantalho que rejeita espasmos e se afoga em si mesmo – disso você soube disso bem antes d'eu mesmo quando me olhou nos olhos e azulou minhas auroras entristecidas. você desnudou a farsa que fiz de mim e transformou as poesias que cuspi, os pequenos sóis que amputei e as mínimas virtudes que neguei em canções felizes, em dias felizes, em felicidade cor de anil. fui eu, eu é que insisti em vestir tudo de branco, daquele branco de nuvens que o vento esquece de mudar. mas a felicidade é só um frágil instante que esquece que um dia acabará. um dia tudo acaba antes do fim. um dia tudo muda [as palavras calam como quem conta uma história embalado numa cadeira dentro dum quarto vazio] não, eu nem sempre fui esse homem enraizado na dor, esse falso testemunho, esse tumor no seio da fé – disso você nunca saberá, pois há verdades que eu não possuo. não, eu não tenho mais o tempo comigo [vem e amanhece meus girassóis] fracassei. fiquei emparedado em meio aos meus prazeres de crayon [os mundos que invento serão sempre menores que os teus] isso é o meu jeito de dizer que te amo. isso é o meu jeito de dizer adeus.

16 comentários:

Amélia disse...

Que bem o amigo escreve!Um abraço

Anônimo disse...

a gente precisa saber a hora de dizer adeus...mas...antes de tudo...a gente precisa saber a hora de ficar inteiro. um beijo

Claudio Eugenio Luz disse...

sims, antes de tudo saber a hora de ficar inteiro.Bela narrativa.
.
hábraços

deep disse...

merece segunda leitura...aprimorada..muito bom

Que Bem Cheira A Maresia disse...

Segui o trilho deixado no meu cantinho, entrei e fiquei siderada neste texto, nesta serenidade, nesta forma que descreves num adeus que dói,mas necessário.

Como diz aí o/a CM, merece segunda leitura, sim!

Um beijo da Lina (mar revolto)

marcia cardeal disse...

Douglas: por que, para alguns, o caminho só mostra adeus? Desaprendi a fazer mandalas das pedras: coleciono perdas. Lindo texto.!!

hfm disse...

Belíssimo texto!

Anônimo disse...

Não é fácil dizer adeus... especialmente a nós próprios.
Belo texto

Bj ;)

Poesia Portuguesa disse...

Um texto impressionante. Gostei de ler.

Bj ;)

Fragmentos Betty Martins disse...

Olá Douglas

Fantástico texto. Pela "carga" de emoções- (des)encontro - um adeus - e a dor de ter que o fazer.

Beijinhos

Bfs

Anônimo disse...

Traz a dor dos pedaços, mas há caminhos novos até mesmo aqueles que nos faz retornar refeitos.Bom sábado. Beijos. Tem um cmainho por lá.

isa xana disse...

disseste adeus numa escrita tão bonita

*

Anônimo disse...

Douglas, apenas um pedido: não pára de escrever. Teus textos trazem muito para dentro de mim. abs.

Anônimo disse...

lindo texto!!!

Rubens da Cunha disse...

Douglas,
obrigado pela visita.
Me identifiquei muito com teu texto, tanto que linkei teu blog la no Casa como um dos 'meus iguais na tragédia', campo para os que carregam o mesmo "peso de estar vivo".
Este texto da menina que amanhecia girassóis é grande para se dizer.

muito ritmo e imagem.
abraços
rubens

Mónica disse...

uma mão assim posta embrulhada em linhos e tala, fez-me mudar! mesmo que inutilmente!
procura, quem sabe outra mão n encaixa na tua!