sábado, janeiro 27, 2007


desperta teus mortos
devolve-lhes ao medo
trazido pelo revoar
desses pássaros cegos
que te bicam o coração
blog novo
outras imagens
que precisam respirar

domingo, janeiro 21, 2007



à noite
espessas recordações
alcançam
anjos deserdados
acobertando a boca seca
da poesia:
ORVALHO

segunda-feira, janeiro 15, 2007

nessa noite despovoada
que estacionou diante de mim
observo as mãos hábeis da solidão

apertarem e afrouxarem
apertarem e afrouxarem
apertarem e afrouxarem

meu pescoço
na medida exata
para que alguns anjos e

um terno de demônios
sobrevivam lúcidos
ao amanhecer

terça-feira, janeiro 09, 2007


fecho os olhos
à dor
tenho pálpebras
que ensoalham
mínimas paisagens
roubadas do bolso
daquela velha camisa
do meu avô
morto

segunda-feira, janeiro 01, 2007


meus demônios
os que estão aqui
fragmentam a noite
correndo em círculos
ou simplesmente
parando diante de mim

meus demônios
os que estão aqui
ruminam a felicidade
brincando de nada
ou mansamente
apostando em quem viverá


DEUS
há portas que eu não deveria ter atravessado
o caminho de fé que segui deveria ter sido murado
palavras que cometi, cores que respinguei, sonhos que acreditei
as tuas mãos suportando meus medos, eu não deveria tê-las permitido


meus demônios
os que estão aqui
dissecam a esperança
apostando nos homens
ou cinicamente
sorrindo pelas minhas costas

meus demônios
os que estão aqui
abortam a alvorada
cultivando-nos as virtudes
ou sabiamente
protegendo em si os pecados


DEUS
há certezas que eu não deveria ter provado
a retidão que no corpo atestei deveria ter sido cuspida
parcimônias que assegurei, caridades que semeei, sorrisos que ilustrei
os teus anjos protegendo o meu destino, eu não deveria tê-los admitido





(Que venha dois mil e sete.
Aos seus doze meses
sobreviveremos
como quem salta
outro abismo, sem pedir perdão.)