quinta-feira, fevereiro 26, 2009


há medos refugiados
em minha cabeça

[envelhecem sorrisos
daninham sonhos
consomem vida
onde vida há]

não sei o que fazer
para evitá-los

[tem meus olhos
tem meu rosto
me chamam pelo nome
gostam de mim]

domingo, fevereiro 15, 2009


a carne
pariu o verbo

o verbo
negou a carne

[e fez-se verdade
aos olhos medrosos
da razão]

terça-feira, fevereiro 10, 2009

contaminado fui
pela sua felicidade
você amanheceu-me
primavera e girassóis
arrancou a casca do medo
que voraz me sufocava

você acreditou no menino
de olhos castanhos
e mãos de chuva
que o adulto em mim
ano após ano
lentamente assassinava

mas agora partes
as ruas ficarão desertas
os sonhos ficarão vazios
as noites se farão eternas
e o amanhã talvez não diga
o caminho para te alcançar

segunda-feira, fevereiro 02, 2009


cantiga ao vô nicolas


in memorian


a doce vó sorriu um sorriso mudo
éramos domingo e a tarde em céus púrpura findava
quando vi em seus olhos mareados
a saudade trazida por aquele último adeus
e o alívio de quem em fim descobre
um fantasma pesar menos do que quando vivo