domingo, setembro 30, 2007

acuado, poucas vozes fazem sentido
e doem, porque primavera
tempo de solidão esmiuçada por cores
onde o que escapa à felicidade
abre frestas por dentro da carne
e cessa o orvalho no ventre da madrugada

domingo, setembro 23, 2007


a escuridão avança sobre a madrugada
enquanto a lua crescente mancha
de solidão e velhas cantigas
o prenúncio da primavera
que fervilha em meus ossos

quinta-feira, setembro 13, 2007

corriam e gargalhavam e falavam alto
e guerreavam travesseiros
e acendiam e apagavam as luzes
e suavam e suavam como crianças encapetadas,
os anjos da guarda
enquanto o menino sonhava
o beijo da mãe a despertar-lhe ao amanhecer
porque estava longe, nos sonhos, da maldita morte
que veio e a levou embora dali...

(a vida segue a trair-nos alastrando a crença
na felicidade duradoura
porque tolos, tolos é o que somos)

pro amigo esquilo, outra vez.

quarta-feira, setembro 05, 2007


pro amigo esquilo

o menino sujo de tinta
despertava com anjos terríveis
azucrinando-lhe os céus
que dentro de estrelas-anãs
eram trincheiras pros dias tristes
quando a primavera esquecia de
respirar
(a esperança é um punhado de cores pintadas sob as nossas pálpebras, dizia)


o menino sujo de tinta
esbravejava com os anjos terríveis
que lhe roubavam todos os sonhos
deixando restos de pele morta
espalhados pelos jardins
que assim não mais podiam
verdejar
(a felicidade é um mero traço em nanquim que não espera por ninguém, repetia)