terça-feira, agosto 28, 2007


pra amanda raña
(há um mundo de mim nisso tudo)


esvaziaram todas as vozes
antes de o silêncio poder ocupar
o medo que fervilha bem no fundo
da minha cabeça

inquietando-me
lançando-me às ruas
calçando-me os pés
com sapatos apertados
que não sabem dançar

por isso prescrevem remédios
por isso roubam meus precipícios
por isso sentenciam meu destino
deixando-me terrivelmente só
quando partem antes do alvorecer
e ocultando o lugar de onde vieram
indiferentes, sequer olham para trás

domingo, agosto 19, 2007

por fim, despertara
muito embora ainda não soubesse
pois há tantas gerações caminhava entre os vivos
arrastando suas memórias como quem envelopa um adeus
que agora não passava dum forasteiro de si próprio

por fim, descansara
antes fosse esse homem feito de palha
com as mãos estendidas ao infortúnio
descobrindo à sombra da solidão
que a felicidade é um lugar possível de sonhar

(agosto chegara ao fim quando abriu as janelas do quarto
e esperou os primeiros raios do sol)

domingo, agosto 12, 2007


às seis horas,
vê-se restaurando palavras
num ritual de gestos contidos
escarafunchando os motivos de ter ficado ali
ano após ano coberto pelo fingimento
dependente dos respiradouros
incrustados em suas entranhas

às seis horas e vinte minutos,
uma pausa


na microscopia do encarceramento,

o triunfo das manhãs acinzentadas.

sexta-feira, agosto 03, 2007

são permutas,
felicidade e indiferença

são mentiras,
amor e esperança

são remendos,
fé e devoção