sexta-feira, julho 24, 2009


sem dizer
a quem tocaria
deixou-nos infortúnio
e luto
.

pois destino é esmo
rumor eviscerado
feito os amanhãs que de ti
desconhecerei
.

embora saiba
sermos do ventre o avesso
porque arremedo de homens
.
[parimo-nos]
.

cala-te então
carne da minha carne...
o tempo do medo
findará
.

e girassóis hão de tingir
de azul a última noite
levando esses demônios
.

[embora daqui]
.

sexta-feira, julho 17, 2009


meus mortos
eu não os entendo...

por que ficam
naquilo que sonho
quando sequer suas vozes
ou um débil traço de memória
acalenta-me sempre que deles
sinto o pesar?


meus mortos
eu não os tenho...

porque ficam
entremeados a quem serei
quando percorrem meus caminhos
revisitando meu destino
entregando-me ao ocaso
e à míngua do luar

quarta-feira, julho 08, 2009


ao lucas M.



aquarelo histórias em segredo
e porque nelas sou feliz
guardo-as numa gaveta bem pequena
[para que ao envelhecer]
meus filhos possam contá-las

os presságios de deus pouco importam
se ao dormir minha mãe beija-me a testa
deixando comigo seus anjos da guarda
[e eu já não temo mais]
o dia em que morrerei

poeto histórias que não vivi
e porque nelas serei novamente criança
aninho-as à sombra de girassóis
[para que ao morrer]
meus filhos possam sonhá-las

a crueza de deus pouco importa
se quando a dor chegar faminta de tudo
da tristeza eu fizer rio infinito
[e assim partiremos mundo afora]
nos barquinhos de papel feitos por meu pai