terça-feira, outubro 12, 2010

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experimento as trevas
o desgaste
a sofreguidão, o luto
de manter-me de pé
de resguardar-me ímpio
porque vago quando lúcido
irreconhecível aos fantasmas
daqueles que restaram em mim
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segunda-feira, outubro 04, 2010

Aqueles para quem certas palavras têm um sentido, e certas maneiras de ser, aqueles que mantêm tão bem os modos afetados, aqueles para quem os sentimentos têm classe e que discutem sobre um grau qualquer de suas hilariantes classificações, aqueles que crêem ainda em "termos", aqueles que remoem ideologias que ganham espaço na época, aqueles cujas mulheres falam tão bem e também estas mulheres que falam tão bem e que falam das correntes da época, aqueles que crêem ainda numa orientação do espírito, aqueles que seguem caminhos, que agitam nomes, que fazem bradar as páginas dos livros
- são os piores porcos.
(antonin artaud)
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amontoam-se, não?
e sorriem todos, mãos postas sobre as mãos
[tem os olhos voltados a mim]
e julgam e repartem meus sonhos entre si
[há nódoas nestes espíritos]
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- mas você os tem nas entranhas, esqueceu?
...
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de onde nascem e por que são paridos assim, feito massa uniforme?
[me pertencem, como pertencem à memória os escombros]
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- cala-te então