quarta-feira, abril 21, 2010

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I
levemos a beleza adiante.
o que restaria?

II
lembro de um dia qualquer
mas especial porque estava contigo
e você sorria como quem salva do tempo a leveza
que esquecemos junto aos brinquedos
empoeirados pelo destino do velho baú
– reinvento dia após dia a minha infância
é a forma que encontro para em mim nada mais partir...

III
ipês brancos, disseram
mas estamos outono e na primavera faço aniversário e não há amigos por perto e meu avô minha tia e minha mãe já morreram e eu esqueci como abraçar meu pai e meu irmão é o estranho que me fiz.
você ainda estará por lá?
ainda saberei do teu cheiro?
teus rastros caminharão o homem que sou em mim?

IV
a beleza que é gratuita
contenta-se com um olhar
um abraço
um adeus, quando for a hora
(convença-me do contrário, tu e as tuas verdades)

V
eu sempre cri nas tuas mãos
nas linhas dos teus destinos que são meus cata-ventos
trôpego e irascível que sou
.
VI
não, não sou eu quem traz as notícias das manhãs domingo
elas são de outros lugares onde sou deserto
cacto que ninguém vê
(durmo aquietado pra não te acarinhar aqui)
.
VII
eu sairia tarde afora com teus pés nos meus descalços
e do teu coração grande demais
bastar-me-ia o não visível
pra do teu sono, ser quem contigo irá despertar

VIII
há no tempo incerteza
errante que somos.

com amor,
d.
.

2 comentários:

lisa disse...

adoro versos livres que cumprem sua liberdade com as palavras certas. Há existência no amor quando te leio.

abraços

Lisa

tb disse...

e o amor é o colorido em cada palavra ainda que apenas de desejo de ser...
Belíssimo, querido poeta!
beijo