domingo, abril 27, 2008


tardavam a surgir
sempre aos montes
respirando de par em par
entre sobreiros e vielas
descalços, lá longe
escrevendo destinos
destroçando esperanças
como se fossem deus
porque não se importam
com as tardes desmoronando
em murmúrios a nos consumir
os sonhos, vagarosamente

quinta-feira, abril 17, 2008


PRELÚDIO
neste tempo miúdo que me cabe
silencio você.
desfaço as páginas do sol-abismo
sentencio você.
nesta estação deserta que me inverna
re-leio você.
imunizo as artérias do coração-sepulcro
renego você.

*

INCÔMODO
eu não caibo em sentimentos
eu não acredito na felicidade
eu caminho lugares sem cor
eu emudeço os pingos da chuva
eu guardo fios de memória
eu acumulo esperança nos ossos

*

PESAR
tenho comigo um sol poente
- a mim faltam-me estrelas cadentes -
afundei meus barquinhos de papel
- fiz do lamento uma pálpebra-lodo -
meu destino, escrevi-o invertebrado
- desde o início fui apenas um falso sonho-bom -

*

ADEUS
sou um tumor que chegou ao fim
um nó atando teus fantasmas
uma fratura expondo teus tropeços
um erro negando teu deus
um lamento desfocando teu olhar

eu, espantalho.

quarta-feira, abril 09, 2008


contenho a madrugada
espreito o silêncio
meus medos reunidos
respiram-me a sobrevida
que perdura sobre um livro
de páginas abertas