sábado, setembro 25, 2004

Havia carros naquela madrugada fria e calada. Vestias preto e teu batom era de uma cor estranha, mas nunca vulgar. Foram precisos cinco longos minutos para que a lua ruísse. Estrelas e mariposas cinzentas vieram dançar nos teus cílios. Alongados. Como se nada mais houvesse, um toque e a manhã feito pedra mergulhou no peito. Doses desmesuradas de lascívia. Destino desfeito nas entrelinhas do tempo. Diante do silêncio, escrevi palavras sem dor. Fragmentos de memórias, escassos e por demais azulados, entulhados nas margens da imensidão, encenavam tristeza e agonia. Um agudo desconforto percorrendo cada poro do corpo nu. A boca carnuda e vermelha fora incapaz de satisfazer as maledicências do homem. Viciado, resta-lhe vagar pelas calçadas imundas de piedade cristã. Adormeceria sem o gozo da fêmea.

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