sábado, abril 16, 2005

Hoje,a manhã pareceu-me distante e acordei vestindo lucidez – minha pele coberta de traças,as páginas da minh’alma apagadas e sem cor. Antes de saber a verdade abandonada no vazio que explode no centro das estrelas ao tocarem o sol, eclipse abraçou meus temores – dados lançados sobre teu corpo nu, a fome devastadora vomitando serenas paisagens e anjos anêmicos. Hoje, esvaziei as gavetas e recobrei a posse dos meus míseros sentidos - as palavras mofadas pelo esquecimento atroz, as linhas do amanhã incertas e sabedoras da dor. Antes de ser invadido pelas circunstâncias do entardecer borrado de luzes e sombras misturadas aos olhos castanhos e tristes, o silêncio sangrou meus rancores – o palhaço escapou ao domingo, a miséria incrustada na alma órfã de ti a desenhar girassóis no jardim que nunca tive.

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