domingo, janeiro 02, 2005

Fracasso. Minhas virtudes venceram. Resta-me um punhado de vícios. Carcomidos. Ejetados. Vícios de pele amarelada. A mim, olham famintos. Hei de saber alimentá-los. [ há no silencio das auroras uma sofreguidão convulsiva. ] Meus sonhos foram cuspidos pela lucidez das tuas entranhas. Afasto dos meus nacos de silêncio as memórias que de ti emanam. Os fogos de artifício anunciam outro ano. Estou sóbrio demais para celebrar. Minhas mãos rememoram as ruas que andei. [ há na razão uma espécie de sepulcro dormente.] Nos instantes exatos entre o sono e a vigília, à porta arrastam-se deuses meninos de olhos acinzentados e unhas roídas. Trazem consigo o rancor daquilo que não soubemos enterrar. Das angústias afloradas a cada dia fingindo dor. Da mudez trancada nas paredes do quarto. Daquilo que um dia soubemos ser amor. [há luz demais nesta primeira manhã de janeiro]

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