domingo, dezembro 18, 2005


é preciso fixar-lhe o centro, atar-lhe os nervos, dar-lhe um nó na garganta do grito. é preciso mesmo velar os espelhos que tombam ao tempo, numa procissão de corpos encharcados pela apatia do mesmo, sempre o mesmo, dia após dia. é preciso que as portas sejam suficientemente pesadas para não haver escape – nem da claridade do sol, nem da intensidade da lua. é preciso deixar o menino sozinho no seu canto. longe de tudo. longe de deus e dos anjos. longe das sombras que crescem debaixo da pele e das feridas que assolam a alma. é preciso deixar o menino sozinho. longe, bem longe da dor.

10 comentários:

Anônimo disse...

muito bom..e tb gostei da imagem..
beijo

Ana disse...

Longe da dor. Utopia?

Claudio Eugenio Luz disse...

Sua narrativa lembou-me do filme "A vida é bela". Esconder a realidade é poupar, porém não para sempre.
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hábraços,claudio

Cláudio B. Carlos disse...

Será possível?

Anônimo disse...

pensando aqui... ng é poupado...tem jeito não... a vida...não poupa ninguém... um beijo

Anônimo disse...

Agradavel este texto narrativo. E parabens pelo seu poema dos girassóis. Beijinhos.

Cristiano Contreiras disse...

sempre sua escrita me agracia!

Anônimo disse...

A dor de sentir a dor. Essa dor, sempre dor, intensa, nunca solitária. Dor, que os poetas sabem fingir não senti-la. Belo texto, Douglas. Abraços.

Anônimo disse...

Gostei muito. Ainda mais das imagens. Vomitando, somos nós, aqueles que não digerem o mundo. Ruminantes da sociedade. Deixa o menino falar...

deep disse...

"No fundo, é isso, a solidão: envolvermo-nos no casulo da nossa alma, fazermo-nos crisálida e aguardarmos a metamorfose, porque ela acaba sempre por chegar"
August Strindberg

um abraço...