é preciso fixar-lhe o centro, atar-lhe os nervos, dar-lhe um nó na garganta do grito. é preciso mesmo velar os espelhos que tombam ao tempo, numa procissão de corpos encharcados pela apatia do mesmo, sempre o mesmo, dia após dia. é preciso que as portas sejam suficientemente pesadas para não haver escape – nem da claridade do sol, nem da intensidade da lua. é preciso deixar o menino sozinho no seu canto. longe de tudo. longe de deus e dos anjos. longe das sombras que crescem debaixo da pele e das feridas que assolam a alma. é preciso deixar o menino sozinho. longe, bem longe da dor.
domingo, dezembro 18, 2005
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10 comentários:
muito bom..e tb gostei da imagem..
beijo
Longe da dor. Utopia?
Sua narrativa lembou-me do filme "A vida é bela". Esconder a realidade é poupar, porém não para sempre.
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hábraços,claudio
Será possível?
pensando aqui... ng é poupado...tem jeito não... a vida...não poupa ninguém... um beijo
Agradavel este texto narrativo. E parabens pelo seu poema dos girassóis. Beijinhos.
sempre sua escrita me agracia!
A dor de sentir a dor. Essa dor, sempre dor, intensa, nunca solitária. Dor, que os poetas sabem fingir não senti-la. Belo texto, Douglas. Abraços.
Gostei muito. Ainda mais das imagens. Vomitando, somos nós, aqueles que não digerem o mundo. Ruminantes da sociedade. Deixa o menino falar...
"No fundo, é isso, a solidão: envolvermo-nos no casulo da nossa alma, fazermo-nos crisálida e aguardarmos a metamorfose, porque ela acaba sempre por chegar"
August Strindberg
um abraço...
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