A solidão... Quando as paredes do quarto ganham outras formas e texturas. E as cores parecem mais distantes. Quando a alma tateia a superfície do medo. E o peso de cada momento redobra. Mesmo a chuva, que lá fora varre esqueléticas lembranças, como os pulsos, que recorrem ao meu estranho paladar, inúteis são. Neste agônico lamento, a crueza do abandono resvala nas horas. A dormência dos indigentes infesta os sonhos. Caem sobre meus ombros o que restou das recordações. [Povoada por sons, a melancolia que há nos sóis poentes avermelha a sanidade que em mim persiste.] Um lampejo e sou deus. Um aceno e desfaço ilusões. Um segundo a mais e seria poesia.
quarta-feira, outubro 27, 2004
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2 comentários:
todo o tempo a menos e é poesia..
sim...
(e silêncio
e dor)
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