sexta-feira, dezembro 16, 2005

aos trilhos e trens, sobrevivemos nós, atravessando nossas trilhas de estreitezas e alargamentos - trilhas escritas na carne, estreitas; trilhas nodulares da fuga, largas; trilhas descabidas da paixão, estreitas; trilhas lineares da razão, largas [a régua das medidas está guardada numa caixa de sonhos que segue viagem entre os vagões] sim, há lapsos de memória nos lembrando quem somos – do pó que viemos quero a mentira vestida de deus. há sopros de restos de trapos de ontem incrustados nos sorrisos que sorrimos diante do que hoje nos parece lucidez – quero o murmúrio das chuvas em plena praça saudando meus pecados. aos trilhos e destrilhamentos dessas trilhas da vida da gente, celebro eu uma canção atonal de mim mesmo – manchada de sêmen, de sangue, de vinho e de dor.

8 comentários:

deep disse...

murmúrios lavados nos estampidos calados de um tempo de trilhos com medidas tão grandes que cabem num olhar fechado...a ilusão da lucidez...um abraço

Claudio Eugenio Luz disse...

Narrativa crua, meu caro. Pesa em cada linha a angustia dolorida da errancia.
.
hábraços,claudio

Rubens da Cunha disse...

melódico e triste. bom por isso
rubens

Amélia disse...

Continuo a gostar do que escreve.
E aproveito para lhe desejar um Bom natal e que 2006 seja cumpridor de promessas e de sonhos!

Kimu disse...

trilhas rubro-sangue...Bjos

Anônimo disse...

cores e dores..."O ovo é o grande sacrifício da galinha..." (Clarice Lispector) - lembrei-me disso quando te li hoje...aí fui reler o texto...aí li e reli...aí quis não ter me lembrado...leia...se quiser:http://www.beatrix.pro.br/literatura/ovogalinha.html

Ana disse...

Curiosa a tua forma de escrita.A tua fome feita alimento.

Carlos Besen disse...

"do pó que viemos quero a mentira vestida de deus"

do pó a que partimos quero a verdade trajada de diabo