A madrugada chega sob a forma patética d’um bufão perdido no tempo – a proximidade do sono é indício de mais um amanhecer que aparenta não saber raiar [existe um sopro inalcançável de solidão nisso tudo, eu sinto] Novamente o sabor da escrita inacabada mastiga o esqueleto da esperança – as cores das palavras estão borradas como se fossem cicatrizes num corpo mendigo a dormir na calçada sob a indiferença calcificada d’outra primavera entulhada por flores póstumas e domingos sem circo. Colo página sobre página, retiro os quadros da sala, desocupo as paredes do quarto, espalho livros pelo chão, empilho as promessas que um dia jurei, catalogo as mentiras que me faltam acreditar, escuto mais uma canção do neil young e derrotado já não consigo esquecer que teus olhos não estiveram aqui.
sexta-feira, setembro 23, 2005
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6 comentários:
não deveríamos nos sentir como se nada fôssemos ou como se a vida da gente fosse... a não ser quando nossos próprios olhos não olharem pra o que é da gente... mas acaba que nos sentimos... gosto muito de como vc escreve. um abraço
Muito bom esse post, cara. Gostei desse seu texto, pareceu bem natural...
De cada forma que retratamos a solidão descortina-se uma nuance de dor que antes nos era esconhecida. E a cada nuance de dor quye ora conecemos, mais dolorosa se torna a solidão que já nos fere. Ainda assim não paramos de retratar a solidão mais e mais. É como a letra de uma canção do Echo and the Bunnymen: Fate, up against your will...
Mais um ótimo texto aqui, Douglas
saudações do Cárcere (apareça por lá)
Estava no aguardo de um novo "post".
Muito bom!
Beijos do CC.
Douglas, excelente o texto, as imagens vão ganhando forma e de repente estamos empilhando livros, espalhando mentiras e apenas troquei a canção: escuto Leonard Cohen. abs.
Percorri a casa com você. Soprei flor-de-vento na janela. A textura das paredes transpirando memórias. Pelos deuses: você me transportou! Beijo maior.
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