Abafado por dentro, tenho tempo, tenho ódio, tenho pecados, tenho escoriações pela alma e letras escolhidas a esmo. Há dedos arranhando o silêncio – as vértebras são gravetos partidos no quintal [terra preta, jambos espalhados pelo chão e lagartas verdes comendo as folhas da cidreira] Onde estão meus amigos?[cresceram feito câncer, amaram feito loucos, secaram feito rios, adormeceram antes das estrelas cadentes passarem] Onde está o rosto desse teu deus que minha fé cambaleante não consegue acreditar? Onde moram as preces das velhas beatas e o choro das carpideiras? Onde escondo meus medos de menino querendo o colo da mãe, sem ter mãe pra me fazer ninar?
quinta-feira, setembro 08, 2005
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9 comentários:
Que lindo isso!!! Há tempos não lia seus poemas. Bateu uma saudade hoje e navegando pela internet me lembrei do seu blog. Eu continuo lhe/me perguntando: Você lerá esse comentário?
Lis-DF
sempre leio...
Me fazes sentir tuas dores quando as expõem tão profundamente ditas em palavras que leio emocionada. Me fazes pensar que tudo na verdade é nada, e nada é o que parece ser...
"afoga tuas dores em lágrimas, mergulha teu pensamento em lugar algum, e fica a boiar, com a inexistência de pensamentos..."
é ótimo não pensar em nada quando se está com a cabeça muito cheia...
Carpe Diem!
Como eu gosto de memórias antigas!
Continuo a gostar muito do que escreve, Douglas.Um abraço amigo
Onde os escondes (os teus medos) não sei... mas o simples ato de partilhá-los, provavelmente os tornam menos assustadores.
Vi um comentário teu num blog português (linhadecabotagem, creio), assim cheguei aqui!... mas sou parnaibano, residente no DF. Voltarei com mais vagar. Um abraço fraterno.
onde me escondo
a salvo de minhas lembranças
de mim?
a salvo de um eu que nem sei
se perdi
e que fere e dói e abandona e
maltrata
a brincar de esconde-esconde
com o eu em que
quase sem querer eu me tornei?
Beijo grande, Douglas.
Vou linkar seu blog nos meus, tá?
Muito bom!
Cara, te linkei lá no meu site, ok?
Beijos do CC.
"as vértebras são gravetos partidos no quintal"
Nós, árvores abatidas.
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