sexta-feira, junho 19, 2009

fragmento


o céu

já não alcança a encosta do mar

murmurou o ancião dos ombros caídos

ao afastar-se da multidão assombrada

daquela cidade nascida no meio do nada

(veio tempestade

prenúncio de centenas de línguas partidas pelo ódio

e inundadas pela fome das palavras-ruídos

que aos homens desfeitos sob a imagem de anjos

imprimiu a marca irrevogável do medo)

3 comentários:

Lua em Libra disse...

Porque o medo é parceiro do silêncio, quando o desejo ainda não emite ruidos e porque (sabemos!) as línguas cicatrizam após as tempestades...

Sempre gosto de vir aqui.

Anônimo disse...

Esses versos têm cor, textura, peso e saliência de pedra, não sei porquê. Adoro tuas imagens.

clarice ge disse...

os homens comungam o ódio. ódio é uma arma letal. num mundo de cabeça pra baixo até deus fica irado.