[Suas mãos sabiam o arrastar do tempo. Reconhecia o desespero, a melancolia e a desesperança pela cor inominada escavada nos ossos dos agonizantes. Não lembra quando tudo começou, mas aceitava como seu destino. Quando criança, chamaram-lhe estranho. Adulto, inventaram-lhe louco. Nas ruas, encontrou o abrigo da indiferença. E moedas, para cumprir a sua sina.]
acolhedor de almas
o velho mendigo
no seu ritual silencioso
repetido dia após dia
sem que ninguém
saiba o porquê
lança a moeda
e espera a resposta
que desta vez não veio
deus
não estava ali
deus
não paga promessas
deus
é o pequeno instante
entre o chão
e a moeda
o velho mendigo
no seu ritual silencioso
repetido dia após dia
sem que ninguém
saiba o porquê
lança a moeda
e espera a resposta
que desta vez não veio
deus
não estava ali
deus
não paga promessas
deus
é o pequeno instante
entre o chão
e a moeda
9 comentários:
Douglas: senti necessidade de me explicar, pois quando parei com o blogue, deixei de entrar em muitos , quando voltei, esqueci de vários, gostei de você ter me lembrado que existia, desculpe dizer assim, bom, é só pra você não achar hipocrisia eu te linkar agora. Beijo.
[você me ensina a rezar?] eu não costumo rezar. [não costuma ou não sabe?] não costumo justamente porque não sei rezar. [entendi] talvez agradecer seja uma forma de rezar. [será? um mendigo "reza" mais do que um padre?]
Gosto do que escreves, anônimo. Faz-me pensar; instiga-me...
Obrigado.
Bravo camarada! Semana passada ví a seguinte cena no sinal de trânsito: um mendigo sentado, catando grãos de arroz e colocando na outra mão em concha; para em seguida, após comer... Espalmá-la e oferecê-la para dois cachorros lamberem. Ele ria e ria... Ainda trago a cena na memória. Gosto muito da forma, como imprime em seus poemas, sua leitura da "realidade". MontanhosoAbraçoDasMinasGerais.
Imenso em significados. Deus também é poesia. Suas palavras sabem disso.
Prazer em ler, sempre.
Abçs
Douglas,
Obrigada pela visita, assim vc me deu o prazer de andar por aqui.
Um abraço,
Silvia
se faz assim
breve
- instante
em que sabemos nada
e podemos tudo
êta, que isso é grande:
a forma, a grandeza, a força das imagens. adorei a provocação e a verdade contida neste poema.
abraço e obrigado pela visita.
rubens
Deus seria a esperança?
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