Vamos pegar nossos trapos e sair sem rumo, como se ainda fosse possível pôr os pés no chão e sonhar [essa coisa de sonhar juntos costuma expor a carne e deixar a alma órfã e faminta]
Sim, eu sei, permaneço trancado no quarto e as paredes continuam sendo meu referencial de horizonte. Mas, se você aceitar minha loucura, trago um sol pálido e um punhado de estrelas pra enfeitar os teus cabelos, juro.
O pra sempre nem é tão distante assim, está vendo? Quando sinto frio, cubro-me de mim mesmo. Quando faz calor prefiro inventar precipícios. Minhas mãos têm linhas curtas – você saberá como tê-las.
Sair sem rumo, vamos? Há chuva mais adiante e na chuva costumamos crescer – nossas roupas vestem partículas de amanhã [feito jardim cheio de girassóis]
Há um tom avermelhado na inquietude. Um gosto azul no que falta. Um sopro acinzentado no medo de sair do lugar [o medo que me invade sem você e que me prende aqui] Já a indiferença é branca do branco do gesso – isso é estranho, não?
No inverno, ainda digo teu nome. Na primavera, escrevo planos. Anulo-os no verão. Outono é tempo de sangrar as perdas – sou um fantasma sem estações.
Na cidade que me pertence, as ruas têm os teus olhos, as velhas casas de azulejos portugueses têm os teus olhos, as crianças brincando na praça têm os teus olhos – até mesmo os barcos que se despedem traçando um arco mudo no rio têm os teus olhos. Na cidade que me escapa, estou sozinho e não sei escrever canções.
Vem, vamos pegar nossos trapos e seguir sem rumo. Deve ser bom chegar juntinhos a nenhum lugar se conosco temos uma colcha de retalhos que trouxemos da infância e alguns travesseiros que roubamos das nuvens.
Vem, ainda temos algumas vidas pra contar. Vem que eu te mostro como fazer um oceano de conchinhas [da última vez eu te mostrei como fazer meu coração relampejar, mas você foi embora e levou a ventania]
Há lugares que lembro, lugares vazios quando estão sem ti. Há pessoas que se foram pra não mais voltar, pessoas a impedir que a minha vida murche quando não estás aqui. Em tudo isso, há você. Na tua ausência, há você. Na tua lonjura, há você. Na tua quietude, há você. Então, vem. Meus instintos precisam de ti. Minha fome tem fome de ti. Meus segredos sussurram por ti. Meus demônios arranham-me as virtudes por ti.
Sim, eu sei, permaneço trancado no quarto e as paredes continuam sendo meu referencial de horizonte. Mas, se você aceitar minha loucura, trago um sol pálido e um punhado de estrelas pra enfeitar os teus cabelos, juro.
O pra sempre nem é tão distante assim, está vendo? Quando sinto frio, cubro-me de mim mesmo. Quando faz calor prefiro inventar precipícios. Minhas mãos têm linhas curtas – você saberá como tê-las.
Sair sem rumo, vamos? Há chuva mais adiante e na chuva costumamos crescer – nossas roupas vestem partículas de amanhã [feito jardim cheio de girassóis]
Há um tom avermelhado na inquietude. Um gosto azul no que falta. Um sopro acinzentado no medo de sair do lugar [o medo que me invade sem você e que me prende aqui] Já a indiferença é branca do branco do gesso – isso é estranho, não?
No inverno, ainda digo teu nome. Na primavera, escrevo planos. Anulo-os no verão. Outono é tempo de sangrar as perdas – sou um fantasma sem estações.
Na cidade que me pertence, as ruas têm os teus olhos, as velhas casas de azulejos portugueses têm os teus olhos, as crianças brincando na praça têm os teus olhos – até mesmo os barcos que se despedem traçando um arco mudo no rio têm os teus olhos. Na cidade que me escapa, estou sozinho e não sei escrever canções.
Vem, vamos pegar nossos trapos e seguir sem rumo. Deve ser bom chegar juntinhos a nenhum lugar se conosco temos uma colcha de retalhos que trouxemos da infância e alguns travesseiros que roubamos das nuvens.
Vem, ainda temos algumas vidas pra contar. Vem que eu te mostro como fazer um oceano de conchinhas [da última vez eu te mostrei como fazer meu coração relampejar, mas você foi embora e levou a ventania]
Há lugares que lembro, lugares vazios quando estão sem ti. Há pessoas que se foram pra não mais voltar, pessoas a impedir que a minha vida murche quando não estás aqui. Em tudo isso, há você. Na tua ausência, há você. Na tua lonjura, há você. Na tua quietude, há você. Então, vem. Meus instintos precisam de ti. Minha fome tem fome de ti. Meus segredos sussurram por ti. Meus demônios arranham-me as virtudes por ti.
Vem, mulher que dança anjos amotinados. Vem, mulher das costas de pássaros noturnos. Vem, mulher que brinca de destino no piscar dos pirilampos. Vem! A ti e só a ti, entrego a minha essência e os meus fluidos; meus ossos e os meus desenhos de menino sujo de tinta [esquilo] A ti, meu único e louco amor.
13 comentários:
E então, Douglas, consumido e consumado pelas agruras de um amor perene...
Um texto de beleza plena, meu caro. Muito bem construído, por sinal.
Saudações do Cárcere
Douglas, já fazia tempo que nao passava por aqui. Que bela surpresa... Recôndito paraíso, líquidas palavras. Parabéns.
É impressionante a forma como escreves! Prendi-me aqui!
Não somos a soma de todas as nossas incertezas? Apenas um grande amor coloca rumo.
..
hábraços
..
claudio
Somente o amor invade as eternidades e torna plena as vidas. É quando penetra entre a carne e os ossos do corpo que descobrimos a alma. abs.
Oi Dougalas.
Aceitarei o sol e as estrelas...
O texto ta lindo. bj!
O amor também tem me feito rir, na maioria das vezes...
Bjos!
Douglas, o que me faz perder o ar.
Sei que sou repetitiva com você, mas há opção? É sempre tão denso, sempre tão cortante... sempre um rolo compressor passando por meu peito.
Você continua sendo o melhor.
Obrigada.
Eis-me o coração vomitado diante das tuas imagens...
(..que bom que resolveu postar..)
Adoro vc. Sentir vc, muito além dos versos. O seu poder de me fazer louca e santa, racional e insana. Realmente o unico problema da despedida, é a vontade de estar junto outra vez.
texto de arrepiar! os horizontes se ampliam quando a gente permite... acho que na verdade, somos donos dos horizontes.
Puxa, todos esses comentários dizem tudo. Será que eu teria algo a acrescentar? Não sei...mas vou tentar.
Sinto-me tomada por um sentimento antigo, desses que já passaram diante da minha janela e eu segui com os olhos...apenas com os olhos...pq estavam longe demais pra serem alcançados. Como aquelas fotos amareladas. Lembra-se? Apenas um momento e se foram... o tempo engoliu tudo...e me vejo hoje aqui, querendo ver brilhantes meus cabelos de estrelas trazidas pra mim...somente pra mim...por um poeta inigualável. Queria ser a musa inspiradora de tão belas palavras.
LIS/DF
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