sexta-feira, novembro 04, 2005


amanhã,
serei um sopro solto sob o sol
pedaço de mim mesmo misturado ao acaso
um olhar vadio
um terreno baldio
um sentimento calado

amanhã,
serei as asas da graúna dos contos infantis
cortina envelhecida nas falhas da memória
um resto de homem
um pouco de fome
um hematoma, e só

amanhã,
são meus os dias inglórios
as despedidas que não tive
os remorsos que não pude
as manhãs que invento
sóbrio de ti

10 comentários:

  1. e há quem diga que devemos viver somente o hoje! como se o amanhâ a nós pertence? poema lindo Douglas...e de cortar a carne... beijo

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  2. Douglas, a cada post não mais uma surpresa, mas o encontro com o teu talento, com a tua sensibilidade. E o amanhã pede mais. abs.

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  3. a poeira do amanhã detém-se no instante: ler você é imprescindível. beijo.

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  4. Amanhã, sempre o amanhã empurrando nossas pensamentos. Belo poema.

    ..hábraços

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  5. «amanha»... o amanha... aquilo que seremos e que ainda não somos, aquilo que queremos, que tememos, que sonhamos.... o amanha somos nós, por mais banal que soe


    beijito

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  6. O amanhã de uma falta é sempre desajuste, desvio, desconsolo de um caminho conhecido. Beijo,

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  7. Um hino, Douglas, de poesia, de sabedoria e de um certo misticismo pessoal. Muito bom. Obrigada pela visita, é sempre bom encontrá-lo por cá... as vantagens da nossa blogosfera.

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  8. hum.. isso tudo amanhã... e hoje?

    (i'm here)

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