segunda-feira, novembro 07, 2005




CANÇÃO PRO MEU IRMÃO

- observa o tempo, está a fazer silêncio. algumas palavras sempre escapam, trazendo saudade e uma sensação de incompletude.

- não, nós ainda somos meninos e nossa mãe nos chama pra dentro de casa. Ainda somos felizes e as manhãs têm sol, têm brincadeiras e banana amassada com leite condensado.


- mas, e o tempo? você não percebe? o silêncio nos envelheceu demais, é mentira ainda sermos assim, infância.

- vê meus olhos? vê as cores que minha pele faz vivas? aqui existem girassóis e cantigas de ninar. isso nos mantém vivos e livres da poeira, você não acredita?

- como? aqui faz silêncio, eu já disse. estamos sós neste mundo, cada qual com uma história, cada qual com seus fantasmas. não há telas a serem pintadas. não há abraços a serem dados. não há adeus. não há olá.
nada! nada!

- estamos sós neste mundo?

- sim, completamente sós.

- o tempo.
o silêncio.
as palavras.
a saudade.
a incompletude.

- e a nossa mãe não pode mais nos chamar pra dentro de casa.

11 comentários:

  1. tem toda razão, o silêncio envelhece....
    qto ao porvir? salto do abismo, se não souber voar... tudo bem.

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  2. O tempo nos consume, porém ainda possuimos a lembrança, as recordações. Como você bem disse, as nossas mães.

    ..
    belo

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  3. olá douglas,
    vim conhecer seu blog. também coleciono discos e vinis - demais. sou uma excessiva.
    um abraço

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  4. E daí cara!

    Fantástico!


    Abraços do CC.

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  5. Maravilhoso... não sei pq sumo desse jeito...rs

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  6. Juntos, sabedoria, o tempo, o silêncio e suas marcas nos "velhos discos". Maravilha, Douglas. abs.

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  7. havia lido este texto seu, postado em outro blog que agora não me recordo! é tão bonito... eu bem queria minha mãe me chamando pra entrar! um beijo

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  8. Olá Douglas

    Tanto que me tocou, emocionou esta "canção"

    Porque tenho mãe e ela me chama - porque faz frio lá fora...

    Um abraço forte

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  9. Agora você jogou pesado! Fiquei emocionada pois estou morando em Belém há 7 meses e estou morrendo de saudade dos meus irmãos que ficaram em Brasília... a infância da gente... a cumplicidade que temos até hoje...

    Bjs!!!

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  10. ACRÓSTICO Becos, caminhos, bicas, Esguias ladeiras imprevistas. Luas sorvidas nos morros Armam-se de seu brilho, Valioso tesouro noturno, Imã desses retalhos de alma Semeados no tempo. Tarol nas alvoradas setembrinas Acordando o moleque alvoroçado. Disco velho rodando, Embalando a adolescência...Minha mãe chamando... Íamos contrariados, Navegando seus morros... Agora sou passado, Só você é presente! Torero

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