
CANÇÃO EM TRÊS LAMENTOS
LAMENTO PRIMEIRO
- AQUILO QUE VEM COM AS MANHÃS -
Um grito engolido
pausadamente
faz da tua carne
escritura-sepulcro
[anúncio das manhãs trajadas de cinzas]
Abertas dentro dos olhos
há janelas sem alma
sem vista e
sem ar
[lampejo de insone azul-deserto]
Aos ossos coube
o peso de seguir vivo
na feitura
do homem-rascunho.
[escapa à alma a ternura diminuta do roxo-poente]
Aos músculos coube
sustentar a lucidez
no limiar
do homem-farrapo
[fica na alma a quietude incômoda do branco-abandono]
*
LAMENTO SEGUNDO
- AQUILO QUE PARTE COM A CHUVA -
Um sorriso sedimentado e
um punhado
de moedas
são-te fronteiriças
[o humor do teu deus é raquítico,
LAMENTO PRIMEIRO
- AQUILO QUE VEM COM AS MANHÃS -
Um grito engolido
pausadamente
faz da tua carne
escritura-sepulcro
[anúncio das manhãs trajadas de cinzas]
Abertas dentro dos olhos
há janelas sem alma
sem vista e
sem ar
[lampejo de insone azul-deserto]
Aos ossos coube
o peso de seguir vivo
na feitura
do homem-rascunho.
[escapa à alma a ternura diminuta do roxo-poente]
Aos músculos coube
sustentar a lucidez
no limiar
do homem-farrapo
[fica na alma a quietude incômoda do branco-abandono]
*
LAMENTO SEGUNDO
- AQUILO QUE PARTE COM A CHUVA -
Um sorriso sedimentado e
um punhado
de moedas
são-te fronteiriças
[o humor do teu deus é raquítico,
recusa a fartura do riso e da dor]
A esperança mastigou teus medos e
na tua face
escarrou
anjos desbotados.
A esperança maquina felicidade e
secreta
imaculados
fluidos pegajosos.
*
A esperança mastigou teus medos e
na tua face
escarrou
anjos desbotados.
A esperança maquina felicidade e
secreta
imaculados
fluidos pegajosos.
*
LAMENTO TERCEIRO
- AQUILO QUE NOS PERPETUA -
Espantalho,
ainda ontem
te vi sentado sobre a grama
enquanto chuviscava
- teus dedos em vão tentavam te devolver às auroras -
Mas murcharam os girassóis e
já não há mais música
embalando o eu-menino
preso ao tempo
que não te leva embora
deste carrossel,
entristecido
a
girar.
Espantalho,
já é noite lá fora
escuta os bichos da mata
e os abraços do rio
que nina o sonho ribeirinho
[é hora de adormecer e recobrar os teus cânticos e a tua fé]
Espantalho,
descansa teus girassóis
tuas cantigas e teus ruídos
pois o frio-poesia saberá te despertar
quando a dor tiver passado e
a angústia alcançado
as trilhas do fim.
lembranças são verdades mortas, mumificadas. (as minhas têm sempre a cor de um dia nublado). um dia de sol tem sombras, você vê?
ResponderExcluirsó que a dor nunca passa, meu amigo, nunca. E fica cada vez maior.
ResponderExcluirNo cárcere um poema dedicado a ti, à inspiração que vem dos teus textos.
Um abraço
Espantalho, já é hora de despertar. Você é um espantalho triste por que? por que nao consegue espantar as pessoas de você? ou por que nao consegue espantar os sentimentos que há dentro de você? Os girassois nao precisam de ti.
ResponderExcluirPseuda Bia
muito, muito bom! beijo.
ResponderExcluirlamento em três pedradas...bjos.
ResponderExcluirTrês pesados lamentos-como bem disse d.estulticia- pedradas!!
ResponderExcluir.
hábraços
.
claudio
não digo:absorvo. Vou, erso averso, lentamente como quem sobe uma escadaria e analisa aconstrução desta e do corpo k a sobe. e depois desço, ainda mais lemtamente tenando encontrar os passos inversos.Li por aí acima k a dor não paassaantes uamneta. Não acrec«dites. Se quisermos k passe, passa, Adormece. Às vezes acorda e...acorda-nos.Tmb serve p/ isso.
ResponderExcluirboa semana. Bjs e ;)
adoro poemas em série.
ResponderExcluirestes lamentos estão magnificos.
abraços
rubens
quando a gente se sente atingido...fica assim quieto...lê novamente...contempla...pensa...
ResponderExcluirdeixa um beijo
e vai embora pensando
Junto-me ao coro:
ResponderExcluirmuito bom mesmo!
Abraços
Muito belo!
ResponderExcluirvou, volto e leio. smp a1º vez. smp uma magia nas palavras k nos trazem a emoção, o sentimento....Memórias da pedra
ResponderExcluirBjs de luz e paz e bom f.s cheio de :)
Douglas, "roubei-te" o poema e vou postá-lo, domingo, no http://estanhosdias.blogspot.com/
ResponderExcluirBjocas
Das diversas imagens que tuas entranhas babaram ao vomitar, a do espantalho é, sem desmerecer as demais, algo formidável.
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