segunda-feira, outubro 17, 2005



Setembro desperta uma lenta espera que tritura o amor antes mesmo da felicidade alcançar o esôfago. Por dentro das vértebras já de todo fragilizadas pelo tempo circulam verdades fiéis à terra e encharcadas pelo azul amordaçado do mar. Setembro nos tranca em nós mesmos e desenha em nossas mãos uma única linha sustentada pelo silêncio – portal dum entardecer nublado a nos aproximar daquilo que o tempo leva das nossas vidas. A primavera corrompida pela crença. A primavera rascunhada na pele. A primavera caindo em desgraça. A primavera sepultando sonhos – com seus dedos de relva e nos olhando do alto, quebra ao meio nossas memórias como se fossem palitos de fósforo, roubando a luz destas entristecidas tardes poentes.

6 comentários:

  1. Setembro tb me fez gato e sapato das minhas vontades.
    Nenhuma foi levada em consideração...
    Bjo!

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  2. Setembro já era. E ainda é primavera...Abs.

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  3. O outono e o inverno são fantásticos, eles germinam, e vão colorir a primavera, que é passageira. abs.

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  4. A impressão que me passas é que teus mortos estão vivos enquanto tu te entregas a morte. Perdão pela sinceridade. Tens o dom da expressão. Mas és triste e soturno. Desperta também para a alegria e a luz. Carinhos

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  5. o tempo, sempre carrasco e frugal.

    belas palavras aqui...

    saudações do cárcere

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  6. Oi Douglas!

    Sempre encontro boa leitura por aqui.

    CC.

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