quinta-feira, junho 24, 2010


pugnus
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não é o tempo breviário? testemunho de terem nascido os homens para a morte porque vida é tudo que foge à eternidade? por isso criei a ternura e fiz dos anjos mensageiros de minha imensidão. por isso exprimi a dor que me consome naquilo que vocês ousaram chamar de esperança. por isso, fiz de mim expiação. eu, a quem chamam de louco. eu, de quem esqueceram o rosto. abismo aos míseros e redenção aos condenados. eu, que das margens pari a nascente, digo-vos novamente: sou-me carne a quem fui solidão.

sábado, junho 12, 2010

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trancava-me na imagem de que um dia eu iria crescer e ficar idêntico aos demais essa gente adulta que não sabe nada do sofrer porque não enxerga o escuro crescendo por dentro das unhas até chegar aos ossos e não escuta o alvoroço larval que se aloja em meu cérebro quando mais um anjo da guarda desiste de mim só porque nas memórias que terei eu sou feito à imagem e semelhança dessa gente adulta repugnante em sua limpeza ah essa limpeza tão precisa e medonha parida do meu noviciado a se alimentar de tudo que é puro porque nós precisamos de qualquer coisa que tenha mácula e morra incessantemente para que enfim eu possa nascer outro e saiba menos deles todos e nada mais de mim, deus.
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para maura lopes cançado