domingo, novembro 29, 2009



ao rubens da cunha. porque seu primeiro degrau (http://casadeparagens.blogspot.com/) arrancou este grito de mim
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diferente de ti, eu não condenava. porque ainda criança sabia: em minhas mãos padeceriam única e exclusivamente em nome do desespero escrito em letras mortas, enterradas em meus ossos, que era pra não quebrar nem aparecer nem ter cheiro ou cor ou algo mais que deixasse vestígios. desespero que nascia do medo de eu não ser o único naquele quarto – vozes apareciam ao cair da noite, obrigando-me a ficar ali, quieto e em vigília – para que assim pudesse extirpar, no nascedouro, meus sonhos.

quinta-feira, novembro 19, 2009

fragmento

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a culpa nas mãos dos homens
ei-la aqui, envelhecida
arrastando sua carcaça pela casa
desmemoriando em minhas entranhas
o caminho a ser proscrito

malograda e inoportuna
reconhece meus assombros
e transfigura-me em rancor
ao repetir a si mesma
infortúnios

você dirá que eu mesmo a criei
e a alimento com sobras do que um dia foram sonhos
mas dela eu fujo e busco refúgio
porque todo homem precisa temer
algo ou alguém assim tão límpido

[nela sou o nexo]

dela, minha escuridão
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segunda-feira, novembro 02, 2009


ao carlos besen


I

dissera a cor do primeiro silêncio

ter nascido da chuva

e que toda chuva é feita de lágrimas

e que cada lágrima sepulta um sonho

porque deus negou aos anjos

o sorriso
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II
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entendes agora

o canto que encerro em meu peito

o adeus que maltrapilho em meus olhos

os pássaros que inverno em meus ossos

o desmundo que me enraíza

ao medo?
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