quarta-feira, setembro 23, 2009


olha às mãos enrugadas
temeroso
por finalmente ter descoberto
tantas marcas assim
não poderem ficar impunes
agora que o tempo de si tomou posse
e cada segundo adiante
sepulta-lhe
as cantigas de onde nascem os sonhos
.
.
.
.
[exatos cinco anos do vomitando imagens
lugar silente onde escrevo
aquilo que me devora]

sexta-feira, setembro 18, 2009



esses homens
há culpa em suas mãos...
.
.
ei-los aqui, sujos
ecoando frases vazias
maquinando na minha cabeça
o eixo a ser seguido




furiosos e sãos
abrem todas portas
quando chego
e ficam estáticos
diante de mim
espiando...




você dirá que eu mesmo os invento e nutro
mas neles creio porque todo homem deve crer
em algo ou alguém
que não esteja limpo




deles sou o foco




eles, minha redenção

sexta-feira, setembro 11, 2009


[estranho-me]
são teus braços-mulher
a me possuir
embora lute-me
porque corpo
homem sou

[escondo-te]
nas muitas que deito
a me bipartir
embora minta-me
quando corpo
ereto sou

quarta-feira, setembro 02, 2009



mamãe morreu aos trinta e três anos
e eu ainda vivia-me infância
quando vi meus brinquedos entristecerem
porque eu não conseguiria mais brincá-los

mamãe morreu num abril distante
fazia uma tarde cinzenta
que logo virou chuva forte
o que alguém disse serem anjos chorando

mamãe morreu em silêncio
deitada em sua cama
no quarto que tanto me faz falta
pois não mais tenho um lugar chamado casa

mamãe morreu uma morte arrastada
que sobre ela voraz debruçou-se
sem deixá-la futuro algum
embora dissessem que deus por ela esperava

mamãe morreu faz tanto tempo
que sua voz de mim parece fugir
também seus olhos castanhos e tenros
nos quais menino feliz eu me via

mamãe morreu e eu não disse adeus
mamãe morreu e eu não soube chorar
mamãe morreu e eu enterrei tantos sonhos
e ainda hoje pergunto onde deus poderia estar