domingo, janeiro 27, 2008

II

a culpa nas mãos dos homens
ei-la aqui, envelhecida
arrastando sua carcaça pela casa
desmemoriando em minhas entranhas
o caminho a ser proscrito




malograda e importuna
reconhece meus assombros
transfigura-me em rancor
e repete a si mesma
distante de mim
infortúnios




você dirá que eu mesmo a possuo e sombreio
mas dela refugio-me porque todo homem precisa descrer
em algo ou alguém assim tão límpido




nela sou o nexo




dela, minha escuridão

quinta-feira, janeiro 17, 2008


o que hoje ouvimos em ti, antes chamaríamos vida? frágil, feito gotas de chuva descendo pelo telhado. cansado, feito amanhecer que desconhece o orvalho. antes, quarto algum acomodaria tua felicidade, escrita em desespero e embriaguez? não havia arrependimento ou culpa e isso te fazia sorrir como jamais sorriria alguém. por que então aqui estás, apequenado diante desse deus a quem não davas atenção? tuas palavras não tinham contornos e revelavam de ti o sombrear da lucidez. tua loucura atravessou a alma dos homens e alcançou a infância por eles deixada pra trás. sabias o nome dos que amavas, não eras esse trapo desmemoriado que mija em si mesmo, mal sabendo a quem chamar quando a dor é insuportável. é o que resta. é o que fica. tuas mãos ossudas e pálidas. teus olhos vazios e fixos. e os teus cabelos...como são belos os teus cabelos quando refletem os primeiro raios do sol.

segunda-feira, janeiro 07, 2008


um sonho
- poema

entre ruínas
vago

respira sob as pálpebras
do inverno
deserdado pelo silêncio


dos que aqui estamos

filhos teus


guardiões do sol