terça-feira, dezembro 25, 2007

(nascido num poema da alice sant'anna, aqui,http://adobradura.blogspot.com/)
I
muitas e muitas vezes
trovoava lá na rua de casa
e nós saíamos a correr
porque brincar na chuva
desaguava-nos alegria
II
mas naquele fim de tarde
trovões emudeceram
trancados no céu cinzento
pontuado por nuvens estáticas
por não saberem aonde ir

III
(a tristeza chegou como uma canção de poucos acordes
a tristeza abriu os olhos e descobriu nosso mundo
a tristeza repousou sobre nosso peito
a tristeza rasgou as folhas do nosso caderno de desenho...
se a tristeza existia, por que não nos avisou?)

IV

e as mãos dos meninos que outrora
andorinhavam sóis poentes
procuravam pardais que pudessem
levar embora o peso da morte
e deixar nossa mãe, conosco

terça-feira, dezembro 18, 2007


I

há culpa nas mãos dos homens
ei-los aqui, sujos
ecoando frases vazias
maquinando na minha cabeça
o eixo a ser seguido




furiosos e sãos
abrem todas portas
quando chego
e ficam estáticos
diante de mim
espiando




você dirá que eu mesmo os invento e nutro
mas neles creio porque todo homem deve crer
em algo ou alguém que não esteja limpo




deles sou o foco



eles, minha redenção

domingo, dezembro 09, 2007



por fim, despertara
muito embora ainda não soubesse
pois há tanto tempo caminhava entre escombros
arrastando suas memórias como quem envelopa um adeus
que agora não passava dum forasteiro de si próprio

por fim, descansara
antes fosse esse homem feito de palha
com as mãos estendidas ao infortúnio
descobrindo à sombra da solidão
que a felicidade é um lugar possível de sonhar


(agosto chegara ao fim quando abriu as janelas do quarto
e esperou os primeiros raios do sol)