segunda-feira, julho 31, 2006

eu
mudo



– escute –
ainda estou
aqui

& meu sangue
,pouco
há de ser
frágil
instante
quando souber
-es)
de mim
essa dor
esse amor
essa perda
(-en
fim

sábado, julho 15, 2006


o sol nascente trazia cores dentro de caixas de papelão
e ninguém te escutava;
sobre as páginas em branco eram sonhados lugares que as mãos
esqueceram antes de ti;
foi preciso destrancar a porta e trazer todos de volta às paredes deste
quarto limpo demais;
TODOS
(os teus bichos feitos de sombras
as tuas brincadeiras de menino
a chuva
& os girassóis
tudo esmiuçado
estudado
analisado
explicado
rotulado
olhado por dentro
– mas eles não saberão
que o lado mais esquisito
é o lado de lá
onde a dor
não te alcança
e as madrugadas são
pirilampos
com asas relampejadas)

quarta-feira, julho 12, 2006


Morte. Estava mesmo debruçado sobre as marcas que dela ficam em nós(a imagem que aqui postei domingo passado trazia tais marcas na pele). Morte. Por mais que eu escreva todos os meus fantasmas, eles permanecem. Morte. confesso ter medo[seria um silêncio ininterrupto que não permitiria espaço para mais nada?] Hoje soube da morte do Syd Barrett – um cara que marca a minha vida. Louco é perceber que um dos meus primeiros blogs destripava sons, e que a única postagem dele foi justo sobre o Syd. Vomitei algumas imagens agora e postarei-as aqui. Outras, têm mais a cara dos outros blogs – deverão por lá aparecer. No eu, espantalho, certamente – o espantalho em mim traz coisas do scarecrow do Syd, lá do primeiro disco do Floyd. Há pouco, conversei ao telefone com um amigo meu, o Marco. Na verdade, ele mais berrava insanidades que conversava. E foi assim, insanos, que um dia, bem moleques ainda, descobrimos os mundos trazidos pelas gargalhadas do Madcap. O silêncio chegou. Saibamos escutar.
pro syd



espere mais um pouco
eu ainda tenho pedaços de
sonhos
para te entregar
e o sol parece
gostar de nós
não peço que fiques
pois sei que tens outros
mundos
para pintar de azul
e as tuas mãos já não
escondem
o peso de estar vivo
quando o que mais desejas
é sair de ti e acordar
fora de tudo
com os olhos longe do chão
livre daqui
livre daqui
livre daqui
Isn't it good to be lost in the wood
isn't it bad so quiet there, in the wood

domingo, julho 09, 2006


dezenove de abril
nossa casa ficou vazia
as paredes calaram nossas vozes
o jambeiro perdeu todas as cores
os brinquedos espalhados
pelo quarto do meio
não mais foram brincados
envelheceram por dentro
como se fossem ossos nus
& as joaninhas
& os percevejos
& os calangos do jardim
entristeceram ao pôr do sol
levando a primavera embora
porque a morte lá esteve
para roubar a nossa mãe
acabo de avivar mais um blog. porque há imagens que me invadem sob a forma de rascunhos. e como rascunhos, serão expostas. é só passar por aqui http://rascunhosesilencio.blogspot.com/

segunda-feira, julho 03, 2006


pro celso, do cárcere - tuas palavras despertaram essas imagens
pra menina que amanhece meus girassóis - teu amor me faz feliz
antes
havia o medo de amar
menina dos olhos descalços-de-vento
& tudo era desmedido
como quem não sabe esperar
PELO INSTANTE
[mas há pressa demais no futuro
e aquilo que ficou para trás não sabe caminhar]

antes
eu não sabia teu cheiro
menina da pele branca-de-nuvem
& tudo decrescia
como quem recorta a felicidade
TODOS OS DIAS
[mas já há dor demais nessa vida
e o que escapa ao poente a noite devora]

hoje
fere-me o sol pálido
menina dos pés rabisco-de-aurora-andaluz
& tudo respira arremedos
alimentados pelo mar cansado de fúria
PORQUE NÃO ESTÁS AQUI
[mas sempre foi amor o que me assustava
e solidão aquilo que eu tão bem conhecia]