
* DOR ESQUADRINHADA
(EM TRÊS LÂMINAS)
LÂMINA UM
viver
sem trazer chuva
arco-íris
abelhas
sol e
árvores
tocando o entardecer
a mim parecia impossível
- seria como sonhar em voz alta
não voar com os passarinhos do quintal
acordar sem espreguiçar
ou calar na garganta as cores
ilustradoras do eu-menino -
LÂMINA DOIS
assim era a infância
no meu mundo secreto
riscado em giz de cera
que me era infinito
feito de cirandas
de magias e de mistérios
como estrelas engolindo o mar
e parindo um céu novo a cada dia
(BRETON)
LÂMINA TRÊS
mas chegou o amanhã
e tinha gosto de nada
deixando em nossas mãos
um destino rabugento
vigilante de memórias
empoeiradas e distantes
caladas e baldias
para que a vida seguisse seu rumo
(eles disseram)
para que o homem seguisse sem vida
(eles sabiam)
feito bicho acuado
num canto de quarto
fingindo poesia
e tinha gosto de nada
deixando em nossas mãos
um destino rabugento
vigilante de memórias
empoeiradas e distantes
caladas e baldias
para que a vida seguisse seu rumo
(eles disseram)
para que o homem seguisse sem vida
(eles sabiam)
feito bicho acuado
num canto de quarto
fingindo poesia
*do livro artesanal "infância(rabiscos em tons de silêncio)",
com 22 poesias
escritas pra menina que eu amo, numa única madrugada.
escritas pra menina que eu amo, numa única madrugada.
palavras que descem devagarinho rasgando a pele de dentro da garganta. roucas.
ResponderExcluirOi!
ResponderExcluirGostei do poema.
Abraços do *CC*