domingo, junho 04, 2006


o sol poente
sujou as mãos do menino
que enfurecido
pintou andorinhas e estrelas cadentes
mergulhou-as no mar

assolado pela profundidade do azul
descobriu não possuir mais nada dentro do peito
– os sonhos tinham esvaziado feito balão perdido
numa praça em pleno domingo –

[a precisão fiel da dor chegara]

silenciou
e atento lambeu o luar
que nem bem despertara
– nas margens vorazes do tempo
desdisse os selos do destino –

um após o outro
guardou os vestígios
do que outrora fora solidão
[transformando orações em sons amargurados]

isolado e lúcido
das memórias roubou segredos
respirou fundo
descreu do amanhã
e nunca mais deixou de voar

7 comentários:

Claudio Eugenio Luz disse...

Não sei se é sintomático, mas muita gente refere-se a liberdade -eu mesmo sou um deles -Ao ler seu poema, não me contive em deixar esse comentário.

Caíla disse...

a fúria o levou a voar... o libertou, o fez luz e dom...
que bom!
QUE BOM
BEIJOS

Anônimo disse...

basta apenas voar pra não cair.

sds

Anônimo disse...

que bom que ele nã odeixou de voar, jamais!
Abraços

Anônimo disse...

parece que percebi que voce pegou esquema de juntar essa palavra com aquela e fazer um jogo delas.
É bonito, sem dúvida, mas tornou-se apenas um hábito de trabalhar a palavra dor.
Não sei se gostei do que vi

isa xana disse...

acho que este foi o texto que mais gostei teu, adorei mesmo, especialmente a primeira estrofe:)

*

Ana Luar disse...

Liberdade o voô dos crédulos... o grito dos sonhadores. Adorei!!!